Do outro lado do atlântico, na fria e cinzenta Manchester
(adjetivos que li, mais de uma vez, em
publicações sobre a cidade), Bastian Schweinsteiger amarga a reserva do United,
onde chegou há dois anos, após ser um dos destaques do quarto título mundial da
Alemanha e ser apontado como referência na posição de volante.
Veja só, Bastian é um alvo em potencial do LA Galaxy para
reforçar o time na próxima temporada. Um possível substituo de Gerrard em
termos de mídia e talento.
Eu vejo muitas semelhanças entre esses dois casos. Ambos,
prioritariamente psicológicos. Ambos conquistaram muitos títulos, dinheiro e prestígio.
Ambos nasceram e jogaram por apenas um clube em mais da metade da vida. De
repente, mudaram de casa, de país, de times e foram pressionados a desempenhar
o futebol que os consagraram.
Detalhe: após os 30. Gerrard tem 36, Schweinsteiger tem 32.
O que eles viveram, já maduros, os jogadores sul-americanos
vivem com metade da idade. Gerrard saiu de Liverpool, fria, chuvosa e inglesa.
Nasceu lá, tem raízes no clube (seu primo foi morto em Highburry). Foi morar em
uma cidade litorânea, ensolarada, quente e que respira status, mídia e culto a
celebridades. Detalhe: Steven é avesso a badalações. Será que é por isso que
Beckham deu certo?
Bastian viveu algo parecido, mas em proporções menores. O clima de Munique não é tão diferente do de Manchester. Casou-se com Ana Ivanovic, mas seu futebol jamais foi o mesmo. Anunciou aposentadoria da seleção alemã após a Euro.
No linguajar moderno do futebol, ambos foram para os clubes
novos “sem fome”. E nada de anormal nisso. Como disse acima, já estavam ricos e
famosos pelas proezas que conquistaram (e não foram poucas).
Mas nem por isso deixam de ser flops, ou decepções.