quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Homenagem a Marcos

Ele era o goleiro em um dos grandes momentos do Palmeiras, a conquista da Libertadores.

Ele também era o camisa 12 em um dos piores momentos, a disputa da Série B, em 2003.

Quando o time perdia, ele não fugia e dava bronca para o Brasil inteiro ouvir. Quando ganhava, era mais um no meio da alegria.

Marcos sempre foi humilde. Soube esperar a sua chance e a agarrou com unhas e dentes. Nunca se queixou da reserva, de treinamentos, de salários. Quando Velloso se machucou na Libertadores de 1999, lá estava o reserva. Era desconhecido, portanto muitos pensavam que assim o adversário teria vantagem. Ledo engano. Marcos pegou tudo naqueles dois jogos, inclusive os pênaltis cobrados pelos peladões. Começava ali uma história de amor alviverde.

No mundial, falhou no gol que determinou a perda do título. Humildemente, puxou a responsabilidade e pediu perdão. Mas quem viu o jogo sabe que os atacantes do Palmeiras perderam gols incríveis, que garantiriam pelo menos um empate.

No ano seguinte, novamente um mata-mata de Libertadores contra o maior rival. E eis que Marcos, novamente, fecha o gol e defende o pênalti cobrado por um dos maiores ídolos do clube adversário. O título não veio, mas bola para frente.

Nos anos seguintes, a história se repetiu. Defesas milagrosas, melhor jogador palmeirense em muitas partidas, único do elenco a ir à Seleção. Era líder, exemplo de raça, dedicação e sinceridade.

Falando em Seleção, devemos a ele nosso pentacampeonato. Quem duvidar, apenas assista ao jogo de oitavas de final conta a Bélgica. Marcos pegou tudo. E logo os gols brasileiros foram saindo, para alívio da nação. E na final, então? Quando o jogo estava em zero a zero, Neuville chuta, Marcos resvala na bola e ela bate na trave. Seria o primeiro gol do jogo, que com certeza tomaria outro rumo.

Tecnicamente, talvez não fosse tão bom quanto Dida, ou bom cobrador de falta como Ceni. Mas tem caráter, raça e amor à camisa. Itens que fazem falta aos jogadores atuais. Talvez por isso tivesse a confiança de Felipão há 10 anos, quando ganhou a titularidade da Seleção. Repito, mesmo não sendo o melhor goleiro antes daquela Copa. Depois, passou a ser, indiscutivelmente.

A história dele se confunde com parte da do Palmeiras. Talvez por isso sinto, nesse momento, tanto orgulho de ser palmeirense. Um sentimento que estava escondido há algum tempo. Mas que Marcos, até mesmo neste ato de aposentadoria, conseguiu trazer à tona.

Obrigado, Marcão, pelos serviços prestados. Se você ganhar um busto, como acredito que vai, não será mais do que uma obrigação da diretoria em reconhecimento a você. E eu estarei lá para tirar uma foto ao lado dele.