sexta-feira, 4 de abril de 2014

Moyes fez o que Muricy deveria ter feito

Manchester United contra Bayern de Munique. O jogo, que já decidiu a Liga dos Campeões de 1999 (talvez a final mais emocionante de todas, junto com a de 2005), agora apresentava cenários opostos. O clube alemão, dirigido por Pep Guardiola e colocando em prática sua filosofia de jogo, entrava em campo já campeão nacional e jogando o melhor futebol do mundo.

Já os ingleses vivem uma tremenda má fase. No Campeonato Inglês, ocupam uma colocação que os deixa fora até da Liga Europa. Uma decepção. Mas eis que, eles conseguem empatar a partida. E ainda saíram na frente, com gol de Vidic.

Como os diabos vermelhos fizeram isso?  Simples, jogaram na retranca. Já que, se jogassem de igual para igual, iriam levar uma goleada, armaram o ferrolho. Jogaram com quatro defensores, quatro meio-campistas mais preocupados em marcar, um meia-atacante (Rooney) e um atacante (Welbeck). No final das contas, criaram mais oportunidades que os alemães.

Esse foi o grande trunfo do United: o técnico. Algo que faltou ao Santos em 2011, na final do Mundial de Clubes. Não discuto a capacidade do Muricy como treinador. Mas, naquela partida, deixou a desejar. Lembro-me como fiquei imaginando a escalação santistas. Como, afinal, seria possível parar aquele Barcelona, “o” time da época.

Somente duas táticas vieram à minha cabeça. Ou um 3-6-1 ou 4-5-1. Borges pularia fora e entraria um zagueiro a mais (no caso da primeira tática) ou um volante a mais (no caso da segunda). Ganso armaria as jogadas para Neymar tentar, na velocidade e habilidade ganhar de Puyol e Mascherano.

Seria chamado de retranqueiro, mas seria a única saída. Foi isso que Mourinho usou, na Inter de Milão, nas semi-finais da Liga dos Campeões um ano antes. Passou à final e foi campeão.

Mas ocorreu o contrário. Muricy fez uma lambança, armando um 3-5-2, com Elano na ala-direita. Não quis abrir mão de atacar (afinal, na cabeça de muitos, é somente assim que se ganha o jogo). Poderia ter cansado o Barcelona no primeiro tempo; com a posse de bola, mas sem marcar gols, o time ficaria cansado e estressado. Assim, erraria mais, abriria mais o jogo. E então Muricy colocaria mais um atacante, e assim seria fogo contra fogo.

Obviamente, é muito fácil falar agora, depois de 3 anos.

Eu era o garoto mais ansioso da face da Terra pelo jogo entre Barcelona e Santos naquele 2011. O clube espanhol jogava o futebol mais bonito do mundo havia pelo menos dois anos. Parecia imbatível, tocava a bola, tinha a cabeça erguida, gostava de fazer gols e comemorá-los. Tinha jogadores de talento indiscutível, como os tardios Xavi e Iniesta, Villa e, é claro, Messi.

O Santos vivia um momento incrível, com Neymar em constante ascensão, Ganso organizando as jogadas, Borges marcando gols e Elano contribuindo com as bolas paradas. A defesa formada por Edu Dracena e Durval passava segurança aos jovens laterais, e o goleiro Rafael já havia defendido a Seleção Brasileira. Isso sem contar com a excelente fase de Arouca. O clube da baixada venceu a Libertadores daquele ano como a cereja do bolo, tanto pelo belo futebol apresentado quanto pelos títulos (Paulista e da Copa do Brasil).

Era o confronto do ano, sem dúvida. E, ao mesmo tempo, tinha aquela curiosidade para ver como seria a partida. Claro, todos os anos isso acontece, o grande confronto entre o campeões sul-americano e europeu. Mas aquela vez era diferente. Era o melhor Barcelona, talvez da história do clube, contra o segundo melhor Santos de todos os tempos. Grandes craques em campo, camisas tradicionais. Expectativas altíssimas por um grande espetáculo, algo pouco explorado comercialmente, na minha opinião.

Bem, a frustração foi diretamente proporcional à expectativa. Todos sabem o que aconteceu, e o que foi dito após o jogo. Mas que poderia ter sido (BEM) diferente, disso não tenho dúvidas.