segunda-feira, 12 de julho de 2010

Choro e alegria: Espanha é campeã do Mundo



Enfim, a Espanha se livrou de vários estigmas: um país com ótima Liga, mas seleção fraca (em virtude principalmente da fartura de dinheiro e muitos jogadores estrangeiros); um time que decepciona em momentos decisivos; que destaca mais a raça dentro de campo do que a técnica (daí vem o apelido Fúria).

Já poderia ter se livrado dois anos atrás, ao conquistar a Eurocopa, mas o título de ontem serviu para assinar de vez a entrada ao rol das grandes potências do futebol mundial. E foi um título conquistado no longo prazo, com um trabalho de base que teve início em 1992.

Desenvolver jogadores é uma obrigação. A não ser que a seleção queira depender de talentos naturalizados, o que pode causar uma reação contrária de torcida e imprensa.

Mas o que se viu ontem no Soccer City foi um time coeso, que se conhece bem (afinal, metade do time era do Barcelona, exemplo de categorias de base) e sabia que poderia vencer a Holanda que, esta sim, amarelou, ao desperdiçar chances incríveis de gol.

O jogo em si foi feio, as equipes estavam muito nervosas, com frio e com medo de vencer. Ou perder. Mas uma final de Copa do Mundo é sempre uma partida especial. Principalmente quando sai o gol. Este blogueiro viu diversos vídeos de narradores espanhóis, e sentiu a emoção do estádio e da nação espanhola (claro que é o trabalho deles passar emoção, mas o contexto faz o coração disparar). Algo sentido por brasileiros em 1994, quando depois de 24 anos levantou a taça. Ou a Itália de 2006, com um time contestado e com uma liga afundada em escândalos.

Porém, nada como o primeiro título. Cada jogador da seleção espanhola tem agora seu nome escrito nos anais do futebol, interno ou mundial. Um choro de alegria, o grito que há muito uma nação inteira queria soltar.

A derrota na primeira partida talvez despertou os jogadores para a realidade: precisavam provar o favoritismo em campo, e somente nele. Se perder para os Estados Unidos na semifinal da Copa das Confederações não havia sido suficiente, daquela vez a ficha caiu.

A marcação funcionou bem, o toque de bola conseguiu criar chances e o ataque foi escasso, mas suficiente. Basta ver que todos os jogos do mata-mata foram vencidos pelo placar de 1 a 0.

Parabéns à Espanha, seus jogadores e comissão técnica. Este escritor se alegrou muito ao ver o choro do capitão e salvador da pátria Casillas, o bom momento de Villa, a estrela de Iniesta, que sempre brilha quando o companheiro Xavi é muito marcado ou não está inspirado. Além da raça dos zagueiros Puyol (este mais raçudo que técnico) e Piqué (este mais técnico que raçudo).

Não é qualquer time que leva um campeonato mundial. E esta Espanha não é um time qualquer.





Ficha técnica

Holanda 0x1 Espanha

Local: Estádio Soccer City, Joanesburgo, África do Sul
Data: 11/07, domingo
Árbitro: Howard Webb (ING)
Público: 84.490
Gol: Andrés Iniesta aos 11’/2T da prorrogação (Espanha)
Cartões amarelos: Robin van Persie, Mark van Bommel, Nigel de Jong, Giovanni van Bronckhorst, John Heitinga, Arjen Robben, Gregory van der Wiel e Joris Mathijsen (Holanda) Sergio Ramos, Carles Puyol, Joan Capdevilla, Andrés Iniesta e Xavi (Espanha)
Cartão vermelho: John Heitinga (Holanda)

Holanda
1-Maarten Stekelenburg, 2-Gregory van der Wiel, 3-John Heitinga, 4-Joris Mathijsen e 6-Giovanni van Bronckhorst (15-Edson Braafheid aos 14’/1T da prorrogação); 5-Nigel de Jong (23-Rafael van der Vaart aos 8’/1T da prorrogação), 6-Mark van Bommel e 10-Wesley Sneijder; 7-Dirk Kuyt(17-Elijero Elia aos 25’/2T), 11-Arjen Robben e 9-Robin van Persie. Técnico: Bert van Marwijk.

Espanha
1-Iker Casillas, 15-Sergio Ramos, 3-Gerard Piqué, 5-Carles Puyol e 11-Joan Capdevilla; 16-Sergio Busquets, 14-Xabi Alonso (10-Cesc Fábregas aos 41’/2T), 6-Andrés Iniesta e 8-Xavi; 18-Pedro (22-Jesús Navas aos 14’/2T) e 7-David Villa (9-Fernando Torres no intervalo da prorrogação). Técnico: Vicente del Bosque.

Fonte da ficha técnica: Trivela

Fotos: Trivela (Iniesta) e Reuters

Nenhum comentário:

Postar um comentário